NOSSA POLITÍCA

10 de mar. de 2011

Clandestino, adolescente 'esconde' como entrou em navio para a China

A vontade de conhecer novos lugares motivou a aventura. Em depoimento na Capitania dos Portos, ele não disse como driblou a segurança

LETÍCIA GONÇALVES - GAZETA ONLINE
 
 
foto: Ricardo Medeiros - GZ
Lancha resgatou o adolescente no navio e o levou para a Capitania dos Portos
Lancha resgatou o adolescente no navio e o levou para a Capitania dos Portos, na Praia d

















 O adolescente de 16 anos que entrou clandestinamente em um navio de bandeira panamenha no Porto de Tubarão, em Vitória, diz que pretendia ir para outra cidade brasileira. Ele planejava se mudar da Serra, cidade em que reside, e achou que poderia pegar "uma carona" no navio. Mas a embarcação tinha como destino a China.

Após ficar com fome, o passageiro clandestino teve que mudar os planos e se apresentar à tripulação. Ele diz que foi bem tratado. Ao chegar à sede da Polícia Federal, em São Torquato, Vila Velha, para prestar depoimento, o adolescente - que não será identificado em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente - conversou com a reportagem e falou que a vontade de conhecer novas pessoas e lugares motivou a aventura.

Ele não contou, no entanto, como conseguiu driblar a segurança do porto. Disse apenas que teve sorte. De acordo com o menino ele não conhece ninguém que trabalhe no local e que poderia ter facilitado a entrada dele.

O navio Baosteel Elaboration deixou o píer 2 do Porto de Tubarão às 4h30 da última terça-feira (08) e retornou às 14h30 de quarta (09).

Capitania dos Portos

foto: Letícia Gonçalves
Tripulantes de navio
Tripulantes do navio também foram à Capitania dos Portos na manhã desta quinta
O representante da seguradora do navio, Manoel Jorge Tavares, esteve na Capitania dos Portos, em Vitória, durante o depoimento do adolescente. Ele diz que o menino não imaginava que o navio iria para a China e pensava que poderia desembarcar no Rio de Janeiro ou em uma cidade do sul do Brasil.

Se o comandante seguisse com o clandestino até o país asiático a situação poderia se complicar ainda mais. "Se ele chegasse na China sem documentos, clandestino, seria muito problema para o navio e para ele principalmente. A política lá é diferente. Clandestino no Brasil não é considerado criminoso, mas lá na China é. E é um crime muito grave".

Polícia Federal
O comandante e parte da tripulação do navio também foram à Capitania. Eles saíram sem falar com a imprensa. Após deixar o local, todos foram para a sede da Polícia Federal prestar depoimentos à  Delegacia de Migração (Delemig).

O menino foi à Capitania e à Polícia Federal acompanhado pelo pai, que não quis gravar entrevista. De acordo com o representante da empresa seguradora do navio, a forma como o garoto conseguiu chegar a bordo será conhecida somente após o término das investigações.

A Capitania dos Portos informou apenas que abriu inquérito, com duração de 90 dias, para apurar como o menino conseguiu chegar à bordo. A Polícia Federal e a Vale, empresa responsável pelo Porto de Tubarão, também investigam o incidente.

A embarcação retornou à costa capixaba e está fundeada na barra - local em alto-mar onde os navios aguardam, em fila, a autorização para se aproximar do porto. O prejuízo com a interrupção da viagem do Baosteel Elaboration já chega aos US$ 200 mil e pode subir conforme a permanência da embarcação em águas capixabas, o que é necessário enquanto durar a fase de depoimentos.

Fonte: GazetaOnline

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