Fonte: Terra - Música
Cee Lo Green se apresentou no Sónar São Paulo neste sábado (12)
Foto: Fernando Borges/Terra
David Shalom
Direto de São Paulo
Não teve para ninguém. Em um festival com dezenas de atrações se apresentando ao longo do fim de semana, incluindo o consagrado cantor norte-americano Cee Lo Green, nenhuma atração superou o duo francês em público e animação. Com uma produção de palco caprichada, os DJs Gaspard Augé e Xavier de Rosnay tranformaram a pista do SónarClub, principal palco do evento, em uma gigantesca pista de dança. A segunda edição do Sónar ocorreu na sexta-feira (11) e no sábado (12), no Pavilhão do Anhembi,em São Paulo.
A dupla entrou em cena pouco depois da 0h, criando uma nova realidade à área de passeio do festival. Se, durante todas as atrações anteriores, os corredores do local eram caracterizados por um vai e vem interminável e feito a passos curtos - pelo grande número de pessoas circulando -, ela conseguiu levar tranquilidade à área, tornando até aprazível o caminhar pelos corredores do Anhembi e facilitando de forma incrível o acesso às barracas de comes e bebes.
Pela primeira vez em todo o evento a pista se tornou um lugar apertado para se ficar - ao menos no pedaço mais próximo ao palco -, com fãs tentando se aproximar ao máximo dos artistas, que empolgaram com canções de seus dois álbuns de estúdio, Cross e Audio, Video, Disco.
A produção visual, assim como a sonora, também foi caprichada. Além do telão de LED, que entrosou com perfeição as danças das luzes com as batidas fortes das canções, as próprias paredes com amplificadores tinham suas próprias iluminações, que foram aliadas às outras do espetáculo. Uma cruz, símbolo do disco Cross, também piscava conforme os ritmos, seguidos incansavelmente pelos elétricos DJs, que chamaram o público para cantar com os braços e balançaram o corpo e a cabeça sem parar, transmitindo a animação à pista.
Outro show insuperável em concorrência de público, mas em outro espaço, foi o Mogwai. Com um som majoritariamente instrumental, repleto de distorções, o quinteto escocês deixou o SónarHall pequeno, tornando alvo de disputa os poucos espaços livres restantes. Com as cadeiras todas ocupadas e a pequena pista tomada por fãs e curiosos, até as escadarias do teatro acabaram ocupadas até o limite.
Ao mesmo tempo em que o Justice atraía grande parte do público presente na noite de sábado no evento, o DJ britânico Kieran Hebden apresentava canções de seu projeto Four Tet, no SónarVillage. Apesar de ter sido desfalcado em admiradores justamente pelo altíssimo número de pessoas que conferiram os franceses no outro espaço, ele agradou com canções de seus seis discos de estúdio. Com quase 20 anos de estrada, Hebden é também conhecido como integrante da banda Fridge e por sua carreira solo.
Estranho no ninho
Há um ano, os paulistanos compraram ingressos para ver pela primeira vez Cee Lo Green ao vivo, no Ultra Music Festival - expectativa frustrada com o repentino cancelamento da apresentação, a uma semana de sua realização. Neste sábado (13), o desejo de acompanhar um show do cantor foi finalmente compensado com uma apresentação elétrica, com direito a convidados especiais, no SónarClub.
Em um evento focado principalmente na música eletrônica e experimental, Cee Lo Green acabou destoando das outras atrações. Em vez das batidas constantes e das luzes e efeitos que são a principal característica da grande maioria, o cantor se destacou com seus hits pop/soul, que, apesar de executados frente a um público não muito grande, transformaram a pista em uma grande festa, repleta de dança e canto.
A competente banda que acompanha Green - formada por baixo, bateria, guitarra, teclado e três backing vocals - subiu ao palco às 23h20 para a pesada introdução Thr Lady Killer Theme, responsável por atrair muita gente que se concentrava do lado de fora do SónarClub, espaço mais isolado do evento. Logo surgiu, com braços para o ar, o sorridente Green, de bermudão e terno branco, arrancando gritos dos presentes, há tanto aguardando para vê-lo de perto.
"Senhoras e senhores. Meu nome é Cee Lo Green e nós vampos festejar muito esta noite, Brasil", anunciou o cantor antes da empolgante abertura com Bright Lights Bigger City, emendada com Champain.
Logo no início, o norte-americano já se mostrou mais do que o dono de uma potente voz, considerada uma das melhores da atualidade no mundo pop. Cee Lo Green é um showman. Além de caminhar o tempo todo de um lado a outro do palco, ele dança, requebra, brinca, sempre com um sorriso que demonstra a simpatia e o carisma tão importantes para a formação de um ídolo. "Como vocês estão se sentindo? É maravilhoso estar no Brasil. Todos aqui são tão lindos, que eu nem consigo acreditar", elogiou antes de Satisfied, soltando a frase que é garantia de conquista a qualquer público jovem: "sexo, drogas e rock´n´roll: esse é o meu negócio!".
Além da oportunidade de ver Green entoando alguns dos principais sucessos de sua carreira recente, os fãs ganharam ainda um presente ao longo da pouco mais de uma hora em que ele ficou em cena: a participação do Goodie Mob, grupo de rap com o qual o cantor iniciou seu caminho para a fama, há quase duas décadas. "O Goodie Mob é meu coração, minha alma. Então vou trazê-los para animar ainda mais vocês", anunciou antes da entrada dos rappers, que cantaram, entre outras, Soul Food e Get Rich to This.
Além do repertório de hits, que ainda incluiu o sucesso das pistas Crazy e a aclamada Fuck You, com refrão cantado aos berros pelo público, Green não parou de brincar com seus fãs ao longo da apresentação. Mandou beijinhos para as garotas, jogou garrafas d´água aos sedentos e, no auge da descontração, apontou para um fã, aparentemente fumando maconha, e comentou: "que m**** você está fazendo aí, cara? Os bombeiros estão na casa. Mas eu adoro você, garoto!"
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