NOSSA POLITÍCA

8 de ago. de 2010

Família desconfia que filho tenha sido trocado em hospital em SP

08/08/2010 22h01 - Atualizado em 08/08/2010 22h08

Aos 18 anos, estudante quer conhecer os seus pais biológicos.
E pais buscam pelo filho verdadeiro, que nunca conheceram.

Do G1 SP, com informações do Fantástico

 A reportagem do Fantástico descobriu a incrível história de um jovem da Grande São Paulo que descobriu que as pessoas que o criaram desde o nascimento não são seus pais verdadeiros. Foi uma surpresa não só para ele, como para toda a família.
Uma família unida, mas por trás de todo o carinho, existe um mistério, uma angústia: “Às vezes, eu tento ter alegria, mas é difícil”, confessa a diarista Ana Francisca de Araújo. “Minha mãe, sempre que toca no assunto, chora. Meu pai também”, diz o estudante Rafael Araújo dos Santos.
Durante 14 anos, todos tinham uma certeza: Rafael era o filho legítimo de Ana e José. A história dessa família de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, começa em 1992. O casal ainda namorava, quando Ana descobriu que estava grávida.
Na época, José estava desempregado e não quis assumir a criança. Desesperada, Ana procurou um ex-namorado: Arisval Pereira dos Santos. “Eu morei com ele dois anos. Ele registrou o menino como se fosse filho dele”, conta.
Mas José se arrependeu, pediu para reatar o relacionamento e Ana aceitou. Até hoje, os dois estão juntos, se casaram e tiveram mais três filhos. Tudo ia bem até que, três anos atrás, a família resolveu acertar a certidão de nascimento de Rafael e pôr José como pai legítimo.
A Justiça pediu um exame de DNA e foi aí que aconteceu a reviravolta na vida de todos. “O Rafael não era filho de José, não era filho do pai que consta no registro e o que é pior: não era filho da Ana”, explica o advogado da família, César Souza Braga.
Outros dois exames foram realizados pelo Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo. Todos deram o mesmo resultado. “Foi a mesma coisa que o mundo desabar em mim”, lembra Ana.
“No começo, o Rafael não queria acreditar. Falou: ‘Não, vocês é que são os meus pais mesmo, verdadeiros’”, conta o pedreiro José Alves Bernardes.
Agora, com 18 anos, Rafael mostra o rosto pela primeira vez para uma equipe de reportagem de televisão. Espera que assim, o mistério que envolve o nascimento dele termine logo. “Se eu descobrir os meus pais verdadeiros, vou ganhar uma família nova. Isso é o que vai mudar. Porque entre nós não vai mudar nada”, declara Rafael.
“Eles não são os pais biológicos, mas em questão de afeto, de amor, isso nunca teve diferença. Ele é filho do coração e é tão amado quanto os irmãos”, destaca a advogada da família, Patrícia Martins Braga.
No dia do nascimento de Rafael, diz o casal, havia quatro gestantes que se chamavam Ana no hospital. Por isso, a família suspeita que tenha ocorrido uma troca de bebês na maternidade da Santa Casa de Mogi das Cruzes.
Mas onde e com quem estaria hoje o outro rapaz de 18 anos? Estaria vivo? O casal acredita que sim. “O que eu fico preocupada é com o outro. Porque esse, eu sei que está bem. O outro, eu não sei. Se ele quiser vir aqui na minha casa, a porta está aberta”, diz Ana.
O caso só será esclarecido quando a direção da Santa Casa de Mogi das Cruzes revelar os nomes das mulheres que deram à luz no dia 1º de agosto de 1992, data do nascimento de Rafael.
A Justiça determinou que a Santa Casa mostrasse os prontuários médicos, mas o hospital recorreu da decisão. O Tribunal de Justiça de São Paulo analisa o caso.
“Existem muitos outros direitos envolvidos, de outras pessoas. Então, a exibição desses documentos tem que ser feita com a devida cautela”, explica Mauro Campos de Siqueira, advogado da Santa Casa.
Mesmo cercado de incertezas, José já se considera um pai especial. Tem o Rafael, que quer ser engenheiro elétrico, e um filho, que ele nunca viu, mas tem certeza que vai amá-lo da mesma forma.
Qual seria o maior presente que o senhor gostaria de ganhar no domingo, Dia dos Pais? “Encontrar o meu filho biológico e ver que ele esteja bem”, respondeu José.
“O que eu quero é conhecer os meus pais de sangue, mas pai, pai mesmo são aqueles que criam”, lembra Rafael.

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