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15 de out. de 2010

Juíza de MG dispensa testemunho de 4 delegados no caso Bruno

POLICIA

14 de outubro de 2010 22h08 atualizado às 22h40

O ex-goleiro do Flamengo Bruno chega escoltado a audiência em Contagem (MG)
Foto: Alex de Jesus/O Tempo/Futura Press

O ex-goleiro do Flamengo Bruno chega escoltado a audiência em Contagem (MG). Foto: Alex de Jesus/O Tempo/Futura Press
Ney Rubens
Direto de Belo Horizonte
A juiza Marixa Fabiane Lopes, da Comarca de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG) decidiu na noite desta quinta-feira dispensar os delegados de polícia Edson Moreira, Ana Maria Santos, Alessandra Wilke e Wagner Pinto de prestar depoimento como testemunhas de defesa do goleiro Bruno Fernandes de Souza e mais nove presos acusados do desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-amante do atleta. Eles seriam ouvidos na sexta-feira.
A magistrada acatou o pedido do Ministério Público para que os quatro delegados não fossem ouvidos como testemunhas (quando há o juramento de falar apenas a verdade) ou informantes (sem juramento e com possibilidade de se negar a responder) no processo. Marixa usou o exemplo do depoimento do delegado Julio Wilke, na última sexta-feira, quando ele apenas repetiu as informações que constam no inquérito de Delegacia de Homicídios.
Para a magistrada, a dispensa é para que não haja informações "distorcidas", já que os delegados passariam horas respondendo perguntas e, durante a audiência, poderiam cair em contradição, o que travaria o processo. Com isso, a audiência será retomada amanhã, às 8h30, com o depoimento de sete testemunhas de defesa.
Nesta quinta-feira, a juíza ainda negou o pedido do advogado do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, Zanone Manuel de Oliveira Júnior, para que o processo fosse desmembrado. Ele queria que seu cliente, acusado de ser o executor de Eliza, fosse julgado separadamente. O defensor ainda havia solicitado o relaxamento de prisão de todos os presos, pedido que também foi negado pela juíza. A justificativa dela é que a prisão dos acusados é necessária para a "manutenção da ordem pública".
Hoje, na continuação de uma audiência do caso iniciada na semana passada, foram ouvidos o policial Sirlan Versiani e a mulher do caseiro do sítio de Bruno em Esmeraldas (MG), ambos testemunhas de acusação.
O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

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